Rede de Antropologia da Ciência e da Tecnologia

A despeito dos diversos significados que têm sido atribuídos à palavra “rede” nas últimas décadas, em nosso caso temos uma compreensão bastante peculiar do que ela poderia ser. Uma rede embalada ao sopro do vento ou ao jogo do navio; uma rede que se estica para  comodar mais um e conforta a medida em que se permite remodelar em seus contornos; uma rede de arrasto que traz consigo o pensável e o impensável; uma rede pendurada entre dois pontos de sustentação de forma que os contenha sem jamais nos deixar saber quem possui quem. Aqui, rede é trama e a trama é parte da rede, pois seguem tramando algo sobre si própria e costuram suas alianças fazendo que seus pontos já não possam ser discernidos. A rede enreda e é enredo.

 A rede de antropologia da ciência e da tecnologia, fundada em 2013 durante a IV Reunião de Antropologia da Ciência e da Tecnologia em Campinas (SP), congrega pesquisadores e estudantes de diversas instituições dialogando de maneira horizontal sobre suas pesquisas e promovendo a diversificação de abordagens em torno da antropologia da ciência e da tecnologia no Brasil. É possível identificar sua gênese, no início dos anos 2000, em um grupo de estudantes de pós-graduação em antropologia que buscaram intercambiar informações acerca de suas pesquisas. Esta   contingência forneceu ao grupo um espírito favorável à presença de perspectivas plurais, que se mantém até os dias de hoje, e que pode ser considerado um dos fatores de seu êxito.

Ao concebermos a antropologia da ciência como algo bastante distinto da epistemologia é fundamental visualizar que seu objeto transcenderá os limites daquilo que entendemos por “Ciência” (e que nos é irrefletidamente dado). Nossa rede é composta de materiais heterogêneos que produzem um olhar particular sobre a própria antropologia. Igualmente, não vemos as “ciências” e as “técnicas” como matérias-primas esperando serem prescrutadas por qualquer enquadramento interpretativo antropológico, ao contrário, elas fazem parte dos próprios problemas antropológicos. Por conseguinte, expressamos menor preocupação com a aderência aos projetos epistemológicos e nos pautamos mais na afirmação do compromisso de repensar a teoria etnográfica “em ação”, de experimentar novas composições narrativas e de nos submetermos às críticas compartilhadas.

Optamos, como uma rede de inovação, não pelos portos seguros e esperamos que este sítio possa informar e abrir novas possibilidades de parcerias que façam a ReACT ampliar-se. Assim, nosso interesse não está em definir o que a antropologia da ciência é, mas naquilo em que ela poderá se tornar.

 


Lista de laboratórios que participam da rede:

Coletivo de Estudos em Ambientes, Percepções e Práticas (CANOA/UFSC)

Grupo de Estudos em Antropologia da Ciência e Tecnologia (GeACT/UFRJ)

Grupo de Estudos Interdisciplinares em Ciência e Tecnologia (GEICT/UNICAMP)

Grupo de Pesquisa Ciências na Vida (UFRGS)

Grupo de Pesquisa Conhecimento, Tecnologia e Mercado (CTeMe/UNICAMP)

Laboratório de Antropologia da Ciência e da Técnica (LACT/UnB)

Laboratório de Antropologia das Controvérsias Sócio-Técnicas (LACS/UFMG)

Laboratório de Estudos Pós-Disciplinares (LAPOD/USP)

Laboratório de Experimentações Etnográficas (LE-E/UFSCAR)

Laboratório de Pesquisas em Interações Sociotecnciambientais (LISTA/UNIFESP)

Laboratório de Sociologia dos Processos de Associação (LaSPA/UNICAMP)