Sexta Reunião de Antropologia da Ciência e da Tecnologia (VI ReACT) ocorrerá entre os dias 16 a 19 de maio de 2017, no Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo.

A ReACT tem como intuito promover um intenso e reflexivo debate, que discuta o potencial e as contribuições da Antropologia na construção de perspectivas acerca das ciências/conhecimentos/saberes, das tecnologias/técnicas/inovações, e das relações entre estas e as formas de constituição da vida e do futuro. O evento, desde suas edições anteriores, tem se convertido em um importante fórum de discussão sobre pesquisas, objetos, abordagens e perspectivas teóricas/epistemológicas do campo da Antropologia da Ciência e da Tecnologia (ACT), em interface com outras matrizes disciplinares e campos de atuação.

A atenção às formas de produção de conhecimento e tecnologia se constituiu como objeto privilegiado na compreensão das relações sociais, desde os primórdios da antropologia. Em uma rápida análise dos chamados “clássicos” da disciplina, já é possível notar certa atenção dedicada a esses temas. É a partir dos anos 60, no entanto, que se observa a constituição de um campo de estudos, com relativa e crescente autonomia, onde ciência e tecnologia passam a ocupar posição central como objeto de análise. De lá para cá, os Estudos Sociais da Ciência e Tecnologia, como comumente são chamados, se avolumam e se diversificaram, caracterizando-se, hoje, por  grande diversidade criativa na delimitação de objetos empíricos e marcada heterogeneidade analítica e interpretativa.

Inspirados por desenvolvimentos no campo da filosofia da ciência, por um lado, e pelo crescente número de trabalhos etnográficos em que técnicos e cientistas figuram como membros dos coletivos pesquisados, por outro, os trabalhos de antropólogos das ciências e tecnologias assumem uma perspectiva explicitamente simétrica, na qual conhecimentos científicos e tecnológicos são estudados dentro de seus âmbitos sociais, culturais e políticos específicos. O ponto central é o entendimento das produções dos conhecimentos técnicos e científicos como atividades nem bem humanas e nem bem não-humanas, e que em todo caso sofrem interferências das chamadas relações sociais e políticas nais quais são gestadas e as quais gestam. Nesse sentido, são as próprias nocoes de “relação”, de “social” e de “político” que aí mesmo se vêem em causa e reclamam re-conceitualizações. Vale destacar que o intuito não é sugerir que, em decorrência desses fatores, as ciências são menos “confiáveis” do que supõe o senso comum; ao invés disso, busca-se refletir sobre a construção da própria legitimidade social dos processos tecnocientíficos. Ao assumir o conhecimento como produto e produtor de um pensamento cultural e politicamente contextualizado, consideram-se, simetricamente, vozes de cientistas, de engenheiros, de ativistas de movimentos sociais, de populações que trabalham com conhecimentos e tecnologias tidas como “tradicionais”, dentre outros.

Uma das mais importantes contribuições do estudo antropológico da ciência e da tecnologia é a refutação do caráter individual do conhecimento e da habilidade técnica, que passam a ser entendidos como parte de diferentes comunidades políticas (senão cosmopolíticas, para acompanharmos as fortes sugestões de, por exemplo, Isabelle Stengers e Bruno Latour) que aportam, por sua vez, distintos significados a contemplar e problematizar a produção de inovação, ciência e tecnologia. Neste contexto, os estudos sociais da ciência e da tecnologia se voltaram, em um primeiro momento, para o questionamento da ciência como prática isolada e neutra, coerente em si mesma; em seguida, a pesquisa voltou-se para o estudo de como o conhecimento é percebido e apreendido pelas mais distintas esferas sociais, e do efeitos de tais formas de percepção na constituição do real. O campo da antropologia das ciências e das tecnologias moveu-se uma vez mais, e se caracteriza, no momento presente, como excepcionalmente rico em possibilidades: onde a produção teórica de muitos do seus principais autores combina um grau de sofisticação conceitual e metodológico inédito, em seus trabalhos etnográficos, com uma dimensão mais propriamente especulativa – onde o pensar etnograficamente se apresenta como atividade a uma só vez filosófica e política. É neste contexto que o compartilhamento do mundo e da vida com outros seres e subjetividades, propiciado pela atividade etnográfica, é entendido como uma modo de existência (ou seja, como algo muito maior e mais importante do que um mero modo de conhecimento) mais alinhado com os desafios – ecológicos, sociais, civilizacionais, espirituais – que temos adiante de nós.

Com esse pano de fundo, a VI ReACT busca promover diálogos e vivências,  entre distintos agentes implicados na produção de mundos e realidades tecnocientificamente mediados. Para tanto, o evento buscará problematizar as relação entre ciência, tecnologia, natureza, vida, e futuro, bem como os modos de ver, definir e intervir em um mundo tecnocientificamente constituído.

Considerando o panorama das produções recentes em pesquisa na área e a agenda de temas de crescente relevância que devem merecer a atenção reflexiva dos pesquisadores, definimos os eixos transversais que pretendem orientar as discussões das mesas redondas e simpósios temáticos na sexta edição do evento:

  • Relações multiespecíficas na constituição do mundo e da vida;
  • A atmosfera como fronteira de encontros com a alteridade: transformações climáticas e crise ambiental em distintas perspectivas et(n)icocientíficas;
  • Transversalidades entre ciência, técnica, religião e arte;
  • Corpo, saúde, biomedicina e tecnociência;
  • Direitos, tecnologias de governo e cidadanias;
  • Políticas globais e efeitos locais relativos às inovações tecnocientíficas;
  • A questão ontológica e as relações entre a antropologia das tecnociências e a filosofia;
  • A antropologia das tecnociências em relação ao campo dos Estudos Sociais da Ciência e da Tecnologia;
  • Multiplicidade de perspectivas teóricas na antropologia das tecnociências;
  • Ressonâncias dos estudos da ciência e tecnologia no ensino, teoria e pesquisa antropológicas.

 

Desenvolvimento e relevância do campo da Antropologia da Ciência e Tecnologia

O crescimento da importância dos estudos antropológicos relativos à ciência e à tecnologia tem se mostrado evidente por meio da realização de eventos, publicações, formação de grupos e linhas de pesquisa, criação de disciplinas na graduação e pós-graduação, entre outros indícios. De forma significativa, tem representado um eixo frutífero na produção de redes de interlocução não apenas no Brasil mas também em arenas transnacionais.

De um modo geral, podemos sinalizar a relevância do campo a partir da presença das discussões de caráter antropológico sobre ciência e tecnologia de forma expressiva nos principais congressos de Antropologia realizados no Brasil e na América Latina, tais como a Reunião Brasileira de Antropologia (RBA), o Encontro Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (ANPOCS), a Reunião de Antropologia do Mercosul (RAM) e o Congreso Latinoamericano de Antropología (ALA).

Esse crescimento ultrapassa as fronteiras da América Latina e as discussões sobre a ACT se fazem presentes de forma importante em todos os grandes eventos da área pelo mundo, como as reuniões da American Anthropological Association (AAA) e da European Association of Social Anthropologists (EASA), na forma de grupos de trabalho e mesas redondas especificamente voltados à ACT ou na forma de trabalhos individuais sobre temas desse campo. Tão notável quanto o aumento do interesse da Antropologia que se faz no Brasil em matéria de ciência e tecnologia é a ampliação paralela da presença de antropólogos brasileiros nos grandes eventos internacionais de Estudos Sociais da Ciência e da Tecnologia (ESCT), como as Jornadas Latino Americanas dos Estudos Sociais da Ciência e da Tecnologia (ESOCITE) e os encontros da Society for Social Studies of Science (4S).

Para além disso, o cenário brasileiro foi marcado, nas últimas duas décadas, pela criação de diversos grupos de pesquisa relacionados à ACT. Posteriormente, a partir da articulação entre tais grupos, conformou-se uma rede de pesquisadores que culminou na criação da ReACT. Nesse sentido, destaca-se a criação do Grupo de Pesquisa Conhecimento, Tecnologia e Mercado (CTeMe), no IFCH/Unicamp em 2003, por iniciativa de Pedro P. Ferreira e Laymert Garcia dos Santos; do Grupo de Estudos de Antropologia da Ciência e Tecnologia (GEACT) no PPGAS/ Museu Nacional/UFRJ, em 2004, por iniciativa de Guilherme Sá, e que atualmente funciona como um coletivo interinstitucional coordenado por Daniela Tonelli Manica (IFCS/UFRJ); e do Grupo de Estudos Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia (GEICT) no DPCT/Unicamp, criado em 2011 e liderado por Marko Monteiro, e o grupo Ciências na vida: Produção de conhecimento e articulações heterogêneas, criado em 2012 na UFRGS e liderado por Fabíola Rohden. Compõem também esse cenário o Laboratório de Antropologia da Ciência e da Técnica (LACT), na UnB, coordenado por Guilherme Sá; o Laboratório de Antropologia das Controvérsias Sociotécnicas (LACS), da UFMG, coordenado por Eduardo Viana Vargas; o Laboratório de Sociologia dos Processos de Associação (LASPA) no IFCH-Unicamp, coordenado por Pedro Peixoto; o Laboratório de Etnografia e Interfaces do Conhecimento (LEIC), sediado no IFCS/UFRJ e coordenado por Daniela Tonelli Manica; o Laboratório de Pesquisas em Interações Sociotecnicoambientais (LISTA), da UNIFESP, coordenado por Renzo Taddei; e o Laboratório de Estudos Pós-Disciplinares (LAPOD), da USP, coordenado por Stelio Marras.

Essa construção de uma rede de pesquisadores sobre a temática tem se mostrado através das várias atividades ocorridas no campo das Ciências Sociais nos últimos anos. São exemplos deste processo o Simpósio Antropologia da Ciência, proposto no Congresso da Associação Latino-americana de Antropologia (ALA) de 2005 por iniciativa de Otávio Velho, Guilherme Sá e Pablo Semán; o colóquio Einstein hoje: relatividade e Ciências Humanas, organizado pelo Grupo de Pesquisa CTeMe e realizado em 2005 no IFCH/Unicamp, com a participação dos físicos Marcelo Knobel (IFGW/NUDECRI-UNICAMP) e André Koch Torres de Assis (IFGW-UNICAMP) e do antropólogo Mauro W. Barbosa de Almeida (IFCH-UNICAMP); o Grupo de Trabalho Translações etnográficas: antropologia e ciência, nas Reuniões de Antropologia do Mercosul (RAM) de 2007 e 2009, organizado por Guilherme Sá e Adriana Stagnaro; o Grupo de Trabalho A Composição do Social: coletando humanos e não humanos, nas Reuniões Brasileiras de Antropologia (ABA) de 2008 e 2010, proposto por Eduardo Vargas e Guilherme Sá; o Grupo de Trabalho Novos Modelos Comparativos: Antropologia simétrica e Sociologia pós-social, nos Encontros da Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (ANPOCS) de 2008 e 2009, por iniciativa de Eduardo Vargas e Marcio Goldman; o seminário Antropologia da Ciência e da Tecnologia, organizado pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social (PPGAS) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência, Tecnologia e Sociedade (PPGCTS) da mesma universidade, e realizado em 26 de maio de 2010 no DCSo/UFSCar; o primeiro Seminário Brasileiro de Ciência, Tecnologia e Sociedade (1o SBCTS), coordenado por Thales H. Novaes de Andrade (DCSo/UFSCar) e realizado entre 14 e 16 de junho de 2011 na UFSCar; a organização e realização do seminário internacional Ciências na vida: antropologia da ciência em perspectiva em 10 e 12 de agosto de 2011, com organização dos núcleos NUPACS/NACi do PPGAS/UFRGS – evento que consolidou o grupo homônimo criado pelas pesquisadoras Claudia Fonseca, Fabíola Rohden e Paula Sandrine Machado; a organização dos painéis Anthropology and STS: Intersections, Dialogue, Reconstructions, por Marko Monteiro e Elizabeth Keating (University of Texas at Austin), e Anthropologies of Forecasting as Anthropologies of the Future, por Renzo Taddei e Karen Pennesi (Universityof Western Ontario), ambos na Reunião da American Anthropology Association (AAA) de 2011, em Montreal, Canadá; o grupo de trabalho Ciência, Tecnologia e Representação, organizado por Marko Monteiro e Gilson Queluz (UFTPR), no IV Simpósio Nacional de Tecnologia e Sociedade (TECSOC), realizado em 2011 na Universidade Federal Tecnológica do Paraná (UFTPR) em Curitiba; o simpósio temático Imagens e visualidade na ciência e tecnologia, organizado por Marko Monteiro e Márcia Regina Barros da Silva (USP) no 13o Seminário Nacional de História da Ciência e da Tecnologia, realizado na FFLCH-USP em 2012; o encontro internacional de pesquisa Informação, tecnicidade, individuação: a urgência do pensamento de Gilbert Simondon, organizado pelo Grupo de Pesquisa CTeMe e realizado no IFCH/UNICAMP entre 2 e 4 de abril de 2012; e o V Simpósio Nacional de Tecnologia e Sociedade TECSOC, realizado em outubro de 2013 na Universidade Federal do Paraná, em Curitiba, contou com um GT, intitulado “Expertise, deliberação de empreendimentos sociotécnicos e culturas de investigação científica e tecnológica”, organizado por Marko Monteiro (Unicamp), Fabrício Neves (UNB), Adriano Premebida (FDB) e Léo Rodrigues (UFPel).

Nos últimos quatro anos, a ACT continua a incorporar-se e estabelecer-se como uma área de pesquisa nos campos da Antropologia e das Ciências Sociais. Nesse sentido, a 29ª RBA, realizada em agosto de 2014 na UFRN, contou com diversos grupos de trabalho ligados à temática do ACT. Do mesmo modo, em uma seqüência de encontros internacionais – o encontro conjunto da Sociedad Latinoamericana de Estúdios Sociales de la Ciencia y la Tecnología (ESOCITE) e a Society for Social Studies of Science (4S), realizado de 20 a 23 de agosto de 2014 em Buenos Aires/Argentina; o encontro da ESOCITE-BR, realizado no Rio de Janeiro entre os dias 14 e 16 de outubro de 2015; a reunião da 4S em Denver, de 11 a 14 de novembro de 2015, seguida da reunião anual da American Anthropological Association, na mesma cidade, entre os dias 16 e 20 de novembro – houve participação efetiva de diversos pesquisadores da rede conformada pela ReACT, coordenando atividades e realizando apresentações de trabalhos. Adicionalmente, o tema tem marcado presenças tanto nas reuniões da ANPOCS (no 37º Encontro Nacional houve um Simpósio Temático sobre a área, denominado “Ciência, tecnologia, inovação e sociedade”, que transformou-se em um GT na reunião seguinte), como nas Reuniões de Antropologia do MERCOSUL (a 10a edição controu com um GT sobre a temática, denominado “Antropología de la ciencia y de la tecnología en perspectiva: desafios en/desde América Latina”, organizado por Fabíola Rohden (UFRGS) e Alejandra Roca (UBA/Argentina); o GT voltou a ocorrer na 11a edição do evento, em dezembro de 2015, em Montevidéu, ao lado de outro GT intitulado “Antropologia de la ciência y enfoques interdisciplinarios”, coordenado por Cecília Hidalgo (UBA) e Bianca Vienni (UdelaR), com a participação de Renzo Taddei (UNIFESP)).

Esses eventos, grupos de pesquisa e laboratórios expressam os numerosos esforços de pesquisa e reflexão antropológica sobre questões relacionadas à ciência e tecnologia, que certamente estão também presentes em diversas publicações periódicas e monográficas recentes nas Ciências Sociais. Cabe salientar ainda o número crescente de estudantes de graduação e pós-graduação que têm realizado diversas etapas de sua formação por meio de projetos de pesquisa ligados a este campo. Por fim, faz-se necessário acrescentar que, seja pela história da formação do campo no Brasil, pela natureza dos objetos pesquisados ou pela busca de perspectivas alternativas no que se refere a aspectos teóricos, metodológicos e de inserção social, os estudos de antropologia da ciência e da tecnologia têm se caracterizado por uma forte aproximação com outras áreas dentro da antropologia e outras disciplinas das ciências sociais e humanas. Além disso, tem sido cada vez mais evidente e pertinente a conformação de parcerias inovadoras com pesquisadores e instituições vinculados a diferentes setores tecnocientíficos.

 

Histórico das edições precedentes da Reunião Brasileira de Antropologia da Ciência e da Tecnologia

As iniciativas descritas acima demonstram a mobilização de uma rede extensa e crescente, a relevância desse tema no cenário acadêmico contemporâneo, a importância da consolidação de uma periodicidade às reuniões dedicadas à reflexão sobre esta temática (as ReACTs), e a participação ativa de diversos pesquisadores envolvidos nesse processo, entre os quais os coordenadores da presente proposta, bem como a comissão científica selecionada. Ao mesmo tempo em que abordagens etnográficas se tornam cada vez mais importantes para os Estudos Sociais da Ciência e da Tecnologia, o diálogo desse campo com a Antropologia da Ciência e da Tecnologia se faz ainda mais presente, conformando um espaço dinâmico de reflexão e debates, no qual as Reuniões de Antropologia da Ciência e da Tecnologia (ReACTs) vêm se firmando, ao longo de suas cinco edições já realizadas.

A primeira edição da Reunião de Antropologia da Ciência e da Tecnologia (I ReACT) ocorreu em setembro de 2007 no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Contando com o apoio do Programa de Pós-graduação em Antropologia Social (PPGAS) do Museu Nacional (UFRJ) e do Programa de Pós-graduação em Sociologia e Antropologia (PPGSA) do IFCS/UFRJ e articulando-se em torno de pesquisadores vinculados ao Grupo de Estudos de Antropologia da Ciência e Tecnologia (GEACT), a primeira Reunião, organizada por iniciativa do doutorando em Antropologia Social Orlando Calheiros (MN/UFRJ), contou com a presença de vários antropólogos brasileiros, além de historiadores e outros cientistas sociais atuantes no país, que apresentaram e debateram resultados de pesquisas então em curso na área.

A Segunda Reunião de Antropologia da Ciência e da Tecnologia (II ReACT) ocorreu em maio de 2009 na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (FAFICH) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Coordenada por Eduardo Viana Vargas e realizada pelo Laboratório de Antropologia das Controvérsias Sociotécnicas (LACS) e pelo Programa de Pós-graduação em Antropologia (PPGAN) da UFMG, a II ReACT contou ainda com a participação de pesquisadores da UnB, USP, Unicamp e UFRJ em sua comissão organizadora. A segunda edição da ReACT foi marcada por um significativo aumento no número de participantes, entre palestrantes e ouvintes. Este fato já atestava o interesse crescente do público acadêmico brasileiro pelos estudos sociais da ciência e, em especial, pela ACT.

A Terceira Reunião de Antropologia da Ciência e da Tecnologia (III ReACT) realizou-se na Universidade de Brasília (UnB), em outubro de 2011, por iniciativa do Laboratório de Antropologia da Ciência e da Técnica (LACT), vinculado ao Programa de Pós-graduação em Antropologia Social (PPGAS) da UnB. Coordenada por Guilherme José da Silva e Sá, e com uma comissão organizadora composta por membros da UnB, USP, Unicamp e UFMG, a reunião mobilizou em torno de 150 pesquisadores de diversas instituições brasileiras e internacionais em torno de temas relacionados ao campo da ACT, como: práticas de conhecimento, tecnociências, corpo e técnica, coletivos humanos e animais.

A Quarta Reunião de Antropologia da Ciência e da Tecnologia (IV ReACT) ocorreu em setembro de 2013 no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Coordenada por Marko S. Monteiro (DPCT/UNICAMP), Pedro P. Ferreira (IFCH/UNICAMP) e Daniela T. Manica (IFCS/UFRJ), a reunião mobilizou em torno de 170 pesquisadores de diversas instituições brasileiras e internacionais. O encontro refletiu acerca de um histórico possível para a ACT, contribuindo para um mapeamento de trabalhos no campo brasileiro, pensando as suas inter e transdisciplinaridades, assim como as especificidades da abordagem antropológica no mesmo. É importante ressaltas que o III e o IV ReACT contaram com transmissão ao vivo das atividades.

A Quinta Reunião de Antropologia da Ciência e da Tecnologia (V ReACT) ocorreu em maio de 2015 no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) sa Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em Porto Alegre. Coordenada por Claudia Fonseca, Fabiola RohdenPaula Sandrine Machado , Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social – PPGAS/UFRGS). Esta edição teve como proposta temática aprofundar discussões que tangenciam os nexos entre ciência, tecnologia, cultura e poder. O evento controu com a participação de mais de uma centena de pesquisadores. A participação de pesquisadores estrangeiros, especialmente de Portugal, Holanda, Argentina, França e Estados Unidos, colaborou com a crescente internacionalização da rede ReACT.

A Sexta Reunião de Antropologia da Ciência e da Tecnologia (VI ReACT) ocorrerá na cidade de São Paulo, em maio de 2017, e através da colaboração de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Dentro destas universidades, destaca-se a presença dos grupos de pesquisa integrantes da rede ReACT, a saber o Laboratório de Pesquisas em Interações Sociotecnicambientais (LISTA), na UNIFESP (coordenado por Renzo Taddei), e o Laboratório de Estudos Pós Disciplinares (LAPOD), da USP (coordenado por Stelio Marras e onde Joana Cabral de Oliveira é pesquisadora). O enfoque particular desta edição do evento é discutir os papéis da antropologia, em geral, e da antropologia das ciências e das técnicas, em particular, em um contexto de transcendência de fronteiras conceituais, analíticas e existenciais, dentro de um panorama de crise a uma só vez ambiental e civilizacional. As discussões buscarão explorar o caráter de intervenção criativa da antropologia, nas fronteiras de discussões temáticas que exploram os limites dos conceitos de “espécie” (com seu papel fundamental na história das ciências ocidentais); da distinção dos meios aéreos, terrestres, aqüíferos e subterrâneos; das formas estabelecidas de fronteiras de pensamento e ação especulativa, sejam eles positivados pela tradição científica, sejam eles artísticos, místicos ou cosmológicos. Sob esse pano de fundo, tratar-se-ão das linhas de debate estabelecidas na antropologia das ciências e tecnologias: o mundo dos laboratórios, a governança do ambiente e do fazer científico, a biotecnologia, a educação da ciência e da técnica, as corporalidades e suas habilidades e capacidades, as controvérsias científicas, as relações interespecíficas, dentre muitas outras.

 

Objetivos

Dentre os principais objetivos da VI ReACT, destacam-se:

  • Promover o encontro de professores, pesquisadores e estudantes que estejam trabalhando direta ou indiretamente com estudos antropológicos de ciência e de tecnologia, de modo a propiciar o intercâmbio e o debate de ideias na área, bem como o compartilhamento das experiências de pesquisa;
  • Ampliar a gama de profissionais envolvidos, acolhendo a participação de pesquisadores estrangeiros e brasileiros de diferentes campos disciplinares;
  • Divulgar a produção nacional e internacional sobre o tema;
  • Estabelecer conexões transversais que sejam capazes de promover novas articulações dos eixos temáticos, epistemológicos e metodológicos envolvidos neste tipo de investigação;
  • Divulgar e ampliar a rede de núcleos, laboratórios e grupos de pesquisa atuantes no Brasil que têm lidado com a temática dos estudos sociais da ciência e da tecnologia através de uma perspectiva fundamentalmente antropológica e etnográfica;
  • Promover o incremento das discussões teóricas estabelecidas nesta rede mediante a articulação com centros de pesquisa estrangeiros de renome internacional que atuam nesta área.
  • Possibilitar a publicização dos anais do evento através de um website (objetivo condicionado à disponibilidade de recursos).