Recontar a história do que hoje se configura como uma rede é sem dúvida arriscar a puxar o fio condutor de um novelo há muito emaranhado. Todavia, é possível localizar seu início nos primeiros anos do século XXI em um movimento envolvendo estudantes de pós-graduação em Antropologia Social cujas pesquisas abordavam diferentes dimensões das produções de cientistas e tecnólogos através de perspectivas etnográficas. Esse movimento resultou na criação do Grupo de Estudos de Antropologia da Ciência e da Tecnologia (GEACT/UFRJ), sediado no Programa de Pós-graduação em Antropologia Social (MN/UFRJ) e coordenado por Guilherme Sá, então doutorando naquela instituição. Apesar de ter sua sede no Rio de Janeiro, o GEACT era composto por pesquisadores e pesquisadoras de diversas instituições.
O GEACT manteve uma lista de e-mails que circulava informações sobre pesquisas e eventos sobre a temática, promovendo encontros regulares em que pesquisadores simpatizantes da então emergente “antropologia da ciência e da tecnologia” no Brasil eram convidados a pensar sobre possíveis interlocuções entre suas pesquisas e o campo de estudos sociais das ciências. Este espírito de transdisciplinaridade se mantém até os dias atuais e ainda define bem a antropologia da ciência e da tecnologia produzida e incentivada pela ReACT: a antropologia da ciência não é apenas um subcampo temático do conhecimento antropológico definido por seu “objeto”, mas – antes de qualquer coisa – é uma forma de fazer e pensar a antropologia a partir de conexões heterogêneas de elevado potencial criativo.
As ReACTs começaram no ano de 2007, quando Orlando Calheiros, estudante de pós-graduação e então coordenador do GEACT, convocou pesquisadores na área da antropologia da ciência para a primeira Reunião de Antropologia da Ciência e da Tecnologia, realizada no Instituto de Ciências Sociais da UFRJ, Rio de Janeiro. Cerca de três dezenas de pessoas, entre palestrantes e ouvinte, compareceram ao evento.
A segunda edição da ReACT foi promovida pelo Laboratório de Antropologia das Controvérsias Sociotécnicas (LACS/UFMG) e foi sediada na Universidade Federal de Minas Gerais em Belo Horizonte, 2009, sob a coordenação de Eduardo Vargas. Desta vez, o público presente alcançou o número de 150 pessoas ao longo dos três dias de evento.
A Universidade de Brasília recebeu a III ReACT no ano de 2011, e manteve a média de publico interessada acima de uma centena de pessoas. Nesta ocasião o evento foi promovido pelo Laboratório de Antropologia da Ciência e da Técnica (LACT/UnB), sob coordenação de Guilherme Sá e Carlos Sautchuk.
Em 2013 realizou-se a IV ReACT na Universidade Estadual de Campinas com a promoção do Grupo de Pesquisa Conhecimento, Tecnologia e Mercado (CTeMe/Unicamp), do Grupo de Estudos Interdisciplinares em Ciência e Tecnologia (GEICT/Unicamp) e do Laboratório de Sociologia dos Processos de Associação (LaSPA/Unicamp). O evento foi coordenado por Daniela Manica, Pedro Ferreira e Marko Monteiro. Além do aumento exponencial no número de participantes (passando de 300) a IV ReACT marca a data de fundação da homônima Rede de Antropologia da Ciência e da Tecnologia (ReACT).
A Rede, a partir desse momento, passou a ser composta pelos laboratórios e grupos de pesquisa com atuação comprovada e interesses afins aos da antropologia e etnografia da ciência e tecnologia, pertencentes às instituições que promoveram pelo menos uma edição das Reuniões de Antropologia da Ciência e da Tecnologia. Desta forma, a rede ReACT não é composta por pesquisadores autônomos ou isolados, mas por laboratórios e grupos de pesquisa que congregam professores, pesquisadores e estudantes atuando em linhas de investigação relativas à antropologia da ciência e da tecnologia.
A Universidade Federal do Rio Grande do Sul promoveu, em 2015, a quinta edição da Reunião de Antropologia da Ciência e da Tecnologia. Coordenada por Fabíola Rohden, Paula Sandrine, Débora Allebrandt e Cláudia Fonseca, a V ReACT marcou a entrada do grupo de pesquisa “Ciências na Vida” (UFRGS) na rede.
A Universidade de São Paulo, em 2017, recebeu a maior Reunião de Antropologia da Ciência e da Tecnologia até o presente momento. Com o tema “Entreviver”, a sexta edição da ReACT reuniu mais de quinhentos participantes inscritos. Dada a sua grande dimensão, a ReACT passou a figurar como a maior reunião temática regular da área de Antropologia realizada no país. Nesta ocasião o Laboratório de Estudos Pós-disciplinares (LAPOD/USP) e o Laboratório de Pesquisas Sociotecnoambientais (LISTA/UNIFESP) passaram a compor a ReACT, tendo como coordenadores locais Stelio Marras, Joana Cabral e Renzo Taddei.
Em 2019, com o tema “Diversidade contaminada”, foi realizada a VII ReACT na Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. O evento que teve Letícia Cesarino, Rafael Devos, Viviane Vedana, Gabriel Coutinho e Thiago Motta Cardoso como organizadores locais contou com cerca de trezentos trabalhos inscritos, mantendo assim a perspectiva de consolidação da antropologia da ciência e da tecnologia como uma área de estudos que tem mobilizado grande interesse no Brasil na última década. O Coletivo de Estudos em Ambientes, Percepções e Práticas (CANOA/UFSC) passou a integrar a Rede de Antropologia da Ciência e da Tecnologia a partir desta edição, que também contou com a presença dos representantes dos respectivos grupos de pesquisas associados a Rede como membros do comitê científico do evento.
A próxima ReACT será realizada na Universidade Federal de São Carlos em 2021.
Como participar da Rede e das Reuniões de Antropologia da Ciência e da Tecnologia?
Reunião de Antropologia da Ciência e da Tecnologia
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