A IV Reunião de Antropologia da Ciência e da Tecnologia (IV ReACT) ocorrerá entre os dias 24 e 26 de setembro de 2013 no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).

A reunião pretende promover um encontro intenso e reflexivo, que discuta o potencial e as contribuições da Antropologia na construção de perspectivas acerca das ciências/conhecimentos/saberes e das tecnologias/técnicas/inovações. Neste sentido, caberia, por exemplo, perguntar:

  • O que se quer (ou o que se pode) agrupar ao propor uma “Antropologia da Ciência e da Tecnologia” (ACT)?
  • Que tipo de objetos habitam as pesquisas que se identificam como uma ACT?
  • Que recortes, abordagens e perspectivas teóricas/epistemológicas interessam a pesquisadores desse “campo”?

Pretende-se abrir espaço para um esforço de reflexão acerca de um histórico possível para a ACT, considerando matrizes anteriores nomeadas de maneira distinta, como Antropologia da Saúde/Medicina, do Gênero, Estudos Sociais da Ciência e da Tecnologia, entre outras. A configuração do evento espera contribuir para um mapeamento de trabalhos no campo brasileiro que poderiam ser reconhecidos como ACT e para pensar ao mesmo tempo as interfaces, inter-trans-(in)disciplinaridades e possíveis especificidades da abordagem antropológica.

Tais questões se mostram ainda mais prementes quando se considera a dimensão cosmopolítica assumida hoje pela tecnociência e suas atualizações contingentes, situadas e corporificadas. Em certo sentido, a tecnociência, principalmente na forma de “inovação”, parece agir molecularmente e/ou micropoliticamente nos processos de subjetivação-sujeição, afetando de diversas maneiras o que entendemos por humano, natureza e cultura. O uso da informática na engenharia genética, ou ainda a criação de modelos, algoritmos e simulações computacionais, intensificam o potencial da codificação na materialização de mundos possíveis, e na atribuição de sentido a seus diversos agentes. O problema do sentido (da sua perda, dos seus processos de produção e manutenção) é, aqui, fundamental. Dessa forma, propomos refletir sobre de que maneira a ACT pode contribuir para pensar, criticamente, o impacto das tecnociências sobre categorias previamente centrais nesse processo de atribuição de sentido, como natureza e cultura, corpo e mente/alma, humanidade e animalidade.

Discussões que abordam temas relacionados a ambientes e territórios, corpo, biomedicina e tecnociências, biodiversidade e mudanças globais, políticas da natureza, dentre outros, compõem o evento na proposta de se pensar em uma Antropologia da ciência e da tecnologia. Mas, também, pretendemos refletir sobre a Antropologia como ciência, problematizando as vicissitudes, limites e potências do enfoque/abordagem/teoria-método etnográfico, bem como o agenciamento da competência e perícia antropológica (científica?) na definição de identidades e territórios. Além, claro, do próprio pressuposto do anthropos que define a (nossa) identidade disciplinar/científica. A IV ReACT almeja, portanto, mapear e (re)pensar a produção de diferenças que estabilizam os termos “antropologia”, “ciência” e “tecnologia”.

REUNIÕES ANTERIORES

A primeira edição da Reunião de Antropologia da Ciência e da Tecnologia (I ReACT) ocorreu em setembro de 2007 no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Contando com o apoio do Programa de Pós-graduação em Antropologia Social (PPGAS) do Museu Nacional (UFRJ) e do Programa de Pós-graduação em Sociologia e Antropologia (PPGSA) do IFCS/UFRJ e articulando-se em torno de pesquisadores vinculados ao Grupo de Estudos de Antropologia da Ciência e Tecnologia (GEACT), a primeira Reunião, organizada por iniciativa do doutorando em Antropologia Social Orlando Calheiros (MN/UFRJ), contou com a presença de vários antropólogos brasileiros, além de historiadores e outros cientistas sociais atuantes no país, que apresentaram e debateram resultados de pesquisas então em curso na área.

A Segunda Reunião de Antropologia da Ciência e da Tecnologia (II ReACT) ocorreu em maio de 2009 na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (FAFICH) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Coordenada por Eduardo Viana Vargas e realizada pelo Laboratório de Antropologia das Controvérsias Sociotécnicas (LACS) e pelo Programa de Pós-graduação em Antropologia (PPGAN) da UFMG, a II ReACT contou ainda com a participação de pesquisadores da UnB, USP, Unicamp e UFRJ em sua comissão organizadora. A segunda edição da ReACT foi marcada pelo elevado número de participantes, acima de 150 pessoas entre palestrantes e ouvintes, durante o evento. Este fato atesta o interesse crescente do público acadêmico brasileiro pelos estudos sociais da ciência e, em especial, pela Antropologia da Ciência e da Tecnologia.

A Terceira Reunião de Antropologia da Ciência e da Tecnologia (III ReACT) realizou-se na Universidade de Brasília (UnB), em outubro de 2011, por iniciativa do Laboratório de Antropologia da Ciência e da Técnica (LACT), vinculado ao Programa de Pós-graduação em Antropologia Social (PPGAS) da UnB. Coordenada pelo Prof. Dr. Guilherme José da Silva e Sá, e com uma comissão organizadora composta por membros da UnB, USP, Unicamp e UFMG, a reunião mobilizou em torno de 150 pesquisadores de diversas instituições brasileiras e internacionais em torno de temas relacionados ao campo da Antropologia da Ciência e da Tecnologia, como: práticas de conhecimento, tecnociências, corpo e técnica, coletivos humanos e animais.